As novidades do Trindade Guedes

Despedimo-nos hoje do nosso TG – Trindade Guedes que conhecemos nos primeiros passos que demos nos corredores da Rádio Renascença, ali na rua Sá da Bandeira. Subir o elevador com ele até ao sétimo andar era partilhar a alegria do repórter que trazia na mão a cassete com a notícia que ninguém tinha e que poucos minutos depois se difundia no campo do mundo desportivo que o conhecia, admirava e acarinhava.

Não raras vezes, chegava no último minuto possível, a novidade tinha sido dura de arrancar e demorara tempo. Os sonoplastas faziam milagres, o TG entrava em estúdio e pimba: “Alvo” conseguido.

Ele sorria como ninguém porque saboreava a informação que dava e gostava de se dedicar a ela. A paixão para a novidade desportiva acalentava-lhe a alma e permitia-lhe suportar esperas de horas a fio, ao frio ou ao calor, não interessava, mas não saía do local sem uma declaração sobre o assunto do momento.

Esta a tenacidade do TG herdada das raízes transmontanas que ostentava com orgulho, dava-lhe uma força especial e por ela foi mestre de muitos, pelo menos para mim, dado que me ensinou que a procurava da notícia só se pode fazer por paixão, muito antes que por necessidade.

Mas também tinha orgulho em segurar nas mãos o microfone da RR que o acolheu e lhe deu espaço para produzir os seus programas que mantinha em antena.

Hoje, na hora da despedida, as suas netas revelaram que ele exigia silêncio no carro quando começava a “Bola Branca” e que sorria no fim. Pois claro, para o nosso TG ouvir a RR e a “Bola Branca” era um momento sagrado que lhe preenchia a vida mas também a alma.

Pela minha parte, aquele agradecimento pelo testemunho que partilhou, pelo que aprendi com ele e garante que ele esteja na minha boa memória – princípio da ressurreição. Até um dia, querido amigo Trindade Guedes.

Por Arnaldo Meireles

VEJA AQUI A NOTÍCIA DA RR:

https://rr.sapo.pt/noticia/vida/2023/02/19/morreu-o-jornalista-trindade-guedes-tinha-85-anos/320760/