A República e as dificuldades

Nesse contexto adverso, “a República tinha de se reencontrar, e reencontrar com os portugueses num momento em que novos problemas exigiam novas respostas”. “Era preciso dar novo alento à República, feito de proclamação das promessas de 1910, mas com redobrada atenção ao que surgia de novo na realidade dos portugueses, alargando a sua base social, renovando a sua vivência política, democratizando-se, enfrentando com coragem e lucidez os desafios dos novos tempos, encontrando alternativas dentro de si própria antes que fosse tarde demais. Assim não aconteceu”.

Mas Portugal, defendeu, tem hoje “uma República democrática”, “mais liberdades políticas económicas e sociais, mais pluralismo, mais meios de informação e de controlo dos poderes públicos e privados”, “um sistema partidário variado, flexível e inclusivo”, “educação, saúde, segurança social, instrumentos de regulação e de intervenção económica diversos dos que tínhamos em 1922”, além de “um papel relevante nas organizações internacionais”, listou.

Reconhecendo que existem “insatisfações”, “indignações, “exigências de muito mais e melhor”, isso é sinal, diz Marcelo, “da força da democracia”. “É saudável a exigência crítica, porque em democracia cabe a todos fazê-la avançar, não recuar ou estagnar”.