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Questionar para perceber o sentido da vida que temos - Região do Norte

Questionar para perceber o sentido da vida que temos

E continuamos perdidos, sentimentais, frágeis, insignificantes seres humanos, que nunca irão descobrir a resposta ao sentido da vida. Desamparados e tragicamente inocentes. Mas agora sabemos que a incerteza é o que nos deixa vivos, portanto é o nosso superpoder, até certo ponto.

8 Bilhões de pessoas habitam neste planeta, em 5 continentes, em milhões de diferentes cenários. Vivemos todos vidas independentes, como retas paralelas? Claro que não! Rodeamo-nos de familiares, amigos, conhecidos, figurantes. Por mais sociável que alguém possa ser, nunca conheceremos a totalidade da Humanidade, nem sequer os nossos contemporâneos. Mas temos a estabilidade familiar! E o conforto dos nossos amigos! Certo?

Não. Não temos. Não há certezas. e nunca iremos poder contar com alguém a 100%. Porquê? Porque nós não nascemos ensinados, e não vamos morrer ensinados também. Nós estamos todos perdidos, e nunca iremos encontrar as respostas que tanto ansiamos. Podemos ser todos diferentes, mas somos todos seres humanos, todos frágeis, incoerentes, sentimentais e desesperados por algo que nos sustente. Desde o ventre da mãe até à cova, temos um longo (ou curto?) caminho ao qual chamamos vida. E é aí, nesses anos, que nos deparamos com a sensação de existir, e com todas as contradições que constituem o Universo. Não nascemos ensinados. Todos nós partimos do mesmo ponto, da fecundação. Ou seja, estamos a fazer tudo pela primeira vez. Nem nós NOS conhecemos, nem connosco podemos contar. Cabe-nos escolher como queremos fazer o nosso percurso.

 E, com isto, podemos questionar-nos: “Como hei-de viver?”.

Inicialmente, é tudo simples. Se formos a pensar, somos só um animal. Temos fome, temos sono, crescemos, procriamos, etc. A nossa existência tem como base tudo isso. Se formos sinceros, provavelmente grande parte das pessoas, ou pelo menos uma quantidade considerável, irá viver em busca de momentos de êxtase, prazeres físicos, sensações corporais, o mais simples. Não temos de NOS preocupar com nada, além da satisfação das carências momentâneas que sentimos. Sendo isto algo tão rudimentar, até ridículo (já que só precisamos de satisfazer necessidades como meta), então podemos garantir que todos teremos o básico.

Pois… não. Nem isso. As inúmeras situações de pobreza, de miséria, de falta de recursos, são mais do que as que imaginamos. Há quem viva morto. Há quem nasça morto. Para quê viver, se nem comida temos? Se nem como animais somos tratados? Precisamos de continuar a ver que até um rato imundo pode viver mais satisfeito do que milhões de seres humanos! Nem o básico é garantido. A questão não é “Como hei-de viver?”; mas sim “Como hei-de sobreviver?” para demasiadas pessoas. “Para quê procurar o sentido desta inútil vida, se nem sobreviver consigo?” é o lema de quem está Na Corda Bamba da vida e da sobrevivência. Porque morrer não é o fim da vida. O fim da vida é a sobrevivência. Quando alguém passa a sobreviver em vez de viver, então a sua vida já acabou.

Isso é desgastante, não é? Saber que vivemos. Carregar este peso NOS ombros, como ele (Sísifo). Como talvez todos os que lerão este texto. Custa tanto, certo? Saber que somos escolhidos sem qualquer critério. Saber que nada fizemos para o conseguir, mas que podemos viver. Saber que a nossa questão é “Como hei-de viver?” é saber que somos os sortudos cuja sobrevivência está garantida. Isso implica escolha, cada um escolhe como viver. Mas como? O mundo desaba constantemente à nossa frente, carregado de guerra, violência, sobrevivência a mais. No entanto, cá estamos nós, a classe de elite, a discutir como viver. Como viver… não sei. Nem ninguém sabe, nem saberá. E estamos destinados a não saber. É melhor assim. Pois se realmente soubéssemos, para quê vivê-la? Viver é sobreviver com etapas extra, com o poder de escolha, com o privilégio do básico. Viver é descobrir como viver. E é esse sentido da vida.

Se já soubéssemos como viver na perfeição, então não evoluiríamos, não aprendíamos, não seríamos capazes de fazer qualquer descoberta. Se eu tivesse consciência de que estaria destinada a levantar-me todos os dias a saber como fazer o meu caminho, então para quê caminhar? Para quê enfrentar o mundo se já sei o que fazer? Sem nada para aprender, sem nada para acrescentar. Quando alguém souber como viver, não poderá viver mais. Porque é a esperança de descobrir o sentido da vida que NOS mantém vivos. Após desvendar esse mistério, nenhum mistério maior haverá para resolver. Atingir o ponto mais alto da montanha implica nunca mais chegar além dele. E é inspirador se vivermos a tentar alcançar esse “topo da montanha”, mas não é inspirador alcançá-lo, porque o que se seguirá será definitivamente desapontante. Portanto, não posso responder à pergunta “Como hei-de viver?”. Posso fazer sugestões, com certeza. Mas estas não podem ser tomadas como resposta. Se forem, então não as podemos concretizar. Pois mal tentemos viver de acordo com a minha sugestão, até poderemos viver durante um tempo, mas iremos rapidamente perder essa vontade.

Chegar à resposta vai implicar nunca mais questionar, e aí ativamos o modo de piloto automático. Ou seja, após conquistar a resposta, a grande resposta, não teremos mais nenhuma questão para colocar. Isso vai-nos impedir de evoluir. E quando pararmos de o fazer, adivinhem só, estamos a sobreviver, pois apenas nos vamos preocupar com as necessidades corporais básicas. Portanto, por respeito à vida, não vou responder à questão colocada. Mas… posso sempre dar umas orientações de acordo com o pouco que creio que posso considerar saber. Porque sinceramente não sei como hei-de viver, e não quero sabê-lo, apenas quero descobrir qual será a melhor maneira para descobrir como viver. Ou seja, o meu objetivo é nunca chegar à resposta, mas sim teorizar sobre ela.

Assim, posso, grosso modo, estabelecer o que considero correto fazer como uma das escolhidas. E eu penso que uma das melhores maneiras de fazer o nosso caminho é sermos fiéis a nós mesmos. Bem, dentro de certos limites, como é óbvio. Devemos agir de acordo com o que consideramos ser correto e benéfico para nós, mas também para toda a coletividade. Fazer o bem aos outros é fazer o bem a nós porque ficamos satisfeitos por ajudar o próximo. E quem discordar nunca deve ter convivido, pois é unânime que a máquina que nos rodeia é a coisa mais gratificante que há. Se estivéssemos por nossa conta, nem iríamos sequer tentar ser boas pessoas, mas como não estamos sozinhos, então isso nem se põe em causa. Devemos ser corretos, sinceros e assertivos, minimizar a injustiça e o mal, procurando o bem comum e o individual em simultâneo.

Ajudar os sobreviventes e fazê-los viver, ou quase viver, espalhando a classe de elite que são os escolhidos (os que podem questionar e escolher como viver). Quantos menos sobreviventes, melhor, pois assim haverá cada vez mais gente para acolher, amar e ajudar no seu caminho. Digamos que, resumidamente, devemos tentar ser o menos egoístas possível, ser transparentes, justos, únicos, corretos, caridosos e o mais pacíficos que conseguirmos. Isso passa por muitos detalhes, pequenas medidas e estratégias, que por mais que tentemos seguir à risca, não nos irão conduzir à resposta (sentido da vida). Poderemos percorrer incansavelmente o nosso caminho sem medo de o terminar. E, sinceramente, está perfeito assim. Temos de manter uma certa distância de segurança da resposta à pergunta “Como viver?”, e esta distância está estabelecida da melhor maneira com este raciocínio ou outros equivalentes. Portanto, ISTO não passa de uma sugestão, ou melhor, do início de uma sugestão.

 E continuamos perdidos, sentimentais, frágeis, insignificantes seres humanos, que nunca irão descobrir a resposta ao sentido da vida. Desamparados e tragicamente inocentes. Mas agora sabemos que a incerteza é o que nos deixa vivos, portanto é o nosso superpoder, até certo ponto.

“Como hei-de viver?” Continuando a procurar a resposta a essa pergunta. A busca incessante por essa resposta é a própria resposta. Contraditório? Talvez…mas se houvesse qualquer outra resposta, não viveríamos mais.

Assim, chegamos ao fim. Aceitar a incerteza é o primeiro passo. Portanto, caminhem sem medo, com convicção, e não se esqueçam do mais importante. “E o que é o mais importante?”. Tentar, não é conseguir. Tentem conseguir descobrir a resposta, mas não a descubram… vivam na doce ignorância. E é esse o objetivo. Vivam. Não se limitem a sobreviver. Nunca parem, nunca se conformem. Evoluam, progridam.

Vivam a tentar descobrir como; descubram como a tentar viver…

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Por Sofia Mendes_11ºB