IGAS inspecciona vacinação no hospital

O IGAS colocou uma equipa de inspeção no hospital de Guimarães para avaliar as condições de vacinação no mês de Dezembro e que favoreceu a equipa dirigente, em detrimento de trabalhadores considerados prioritários de acordo com normas estabelecidas. A trabalhar desde hoje, compete ao IGAS verificar o que aconteceu e em que condições os dirigentes foram vacinados.

Sabendo que estavam a praticar um acto irregular os membros do conselho de administração do hospital já na altura discutiram entre si as justificações que apresentariam em caso de esta inspeção acontecer.

O que escrevemos em 10 de Fevereiro deste ano:

As normas da DGS definindo a metodologia de vacinação de profissionais de saúde não foram cumpridas no hospital de Guimarães, tendo-se verificado um abuso de autoridade e apropriação indevida de vacina por parte do conselho de administração.

Na mesma ocasião, um erro desta natureza verificado no hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, justificou a demissão do presidente da Task Force Francisco Ramos.

Confrontados com esta realidade, porta vozes do hospital de Guimarães, explicaram ao jornal Observador que tudo se processou com normalidade – uma posição que não se coaduna com o parecer da DGS.

O primeiro acto de vacinação neste hospital ocorreu no dia 29 de Dezembro, de acordo com notícia editada pelo jornal O Minho e o Mais Guimarães.

A vacinação contra a Covid-19 no Hospital de Guimarães arrancou no dia 29 de dezembro, dois dias depois de as vacinas terem começado a ser administradas em Portugal. De acordo com o que ficou registado, na altura, pelo jornal O Minho, o primeiro a ser imunizado contra o coronavírus naquele hospital do Norte foi o diretor-clínico, Hélder Trigo, que aos 68 anos é o médico mais velho da instituição. Segundo vários relatos publicados naquela semana pela imprensa regional, incluindo pelo O Minho e pelo Mais Guimarães, a primeira remessa que chegou ao Hospital de Guimarães foi composta por 445 doses, que não eram ainda suficientes para todos os que a instituição tinha identificado como prioritários. Segundo esses jornais, a indicação do hospital era clara: começar pelos médicos, enfermeiros e auxiliares em contacto direto com os doentes Covid  – esclarece o Observador.

Também em declarações ao Observador a mesma fonte referiu: “Ele – Henrique Capelas, presidente do CA –  foi o único elemento não clínico do Conselho de Administração a ser vacinado.” Outros elementos da administração, incluindo o diretor clínico e a enfermeira-chefe, que são profissionais de saúde, também foram vacinados.

Acontece que no que diz respeito aos profissionais de saúde, o plano nacional de vacinação contra a Covid-19 determina que na primeira fase sejam vacinados os “profissionais de saúde diretamente envolvidos na prestação de cuidados a doentes”.

A esposa do senhor director clínico

A esposa do director clínico José dos Santos Trigo foi entretanto eleita para ser vacinada na primeira fase de vacinação, tendo tido prioridade sobre outros elementos do CA – Sónia Sousa e Ana Maria Luísa Bastos – vacinados na segunda fase interna de aplicação da vacina.

Valentina Trigo, esposa do director clínico desempenha funções de Coordenadora na Secção de Gestão de Utentes, onde não tem contacto funcional com os mesmos, mas apenas com as administrativas que desempenham funções na secção.

O Hospital de Guimarães é um EPE – entidade pública – depende directamente do Ministério da Saúde e o seu CA é nomeado pela ministra Marta Temido que aceitou a demissão de Francisco Ramos.