A cruz de pedra do centro histórico de Braga

Na Rua da Cruz de Pedra e suas vizinhas, no centro histórico de Braga, onde habitam muitas pessoas idosas, estas são obrigadas  a carregar botijas de gás para terem direito a água quente para o banho. A rede de gás natural esbarrou nuns achados arqueológicos.

É assim porque esta área de Braga possui novas mas estranhas atracções turísticas para aqueles que visitam o  melhor destino da Europa: um emaranhado de fios que se vão desprendendo das fachadas das habitações gera uma situação de abandono e degradação visual que se agrava.

As estranhas atracções fazem jus ao esforço que a Câmara Municipal tem feito para procurar, por todos os meios, e muito bem, atrair um cada vez maior número de visitantes nacionais e estrangeiros, mas esquece os que aqui vivem.

Por forma a reduzir a proliferação de tampas, de várias formas e materiais, à superfície dos arruamentos e acabar com os permanentes rasgos, valas e reposições, tantas vezes deficientes, dos revestimentos das superfícies das nossas ruas, achamos e sugerimos que se evolua no sentido da implementação de valas técnicas, concentrando numa galeria única as diversas infraestruturas urbanas necessárias, colocando-as preferencialmente sob os passeios.

Nestas galerias, o posicionamento de redes de escoamento ou de fornecimento de serviços seriam criteriosamente colocadas, de acordo com as prescrições dos normativos regulamentares próprios e no respeito das prioridades das respetivas entidades gestoras nomeadamente no que concerne às formas de acesso e facilidade de manutenção e conservação.

Resultava daqui, também, a fusão dos múltiplos cadastros existentes e uma gestão integrada, racionalizada e otimizada das diversas redes públicas com uma drástica redução de intervenções intrusivas nas vias de utilização pública.

Para quem nasceu e reside no centro histórico ou na rua da Cruz de Pedra, as suas casas são motivo de admiração para os turistas que as observam como se fossem novos monumentos.

A atracção não reside nos moradores mesmo que tenham sido alvo de estudos em seis universidades do mundo (Marketing e promoção de estratégias) mas sim pela “beleza” que as fachadas dos prédios apresentam: são ornamentadas com um infindável emaranhado de fios eléctricos e de telefones que faz lembrar o início do século passado

A Rua Cruz de Pedra e vizinhas, com uma população envelhecida e com autonomia reduzida,  têm sido notícia pela falta de infraestruturas básicas, a começar pelo gás e a acabar na electricidade, sem esquecer o saneamento.

É tempo da Câmara Municipal de Braga mandar fazer uma intervenção estrutural subterrânea para canalizar todas estas passagens de fios e cabos de diversas operadoras, as quais terão o ónus da obra, como cabos eléctricos e de telecomunicações.

Caso isso aconteça, os donos dos prédios devolutos e outros investidores agradecem e a zona histórica torna-se-á mais apetecível à requalificação. O Centro Histórico de Braga deve ser apetecido pela qualidade de vida que o Município tem o dever de proporcionar aos seus moradores e não pelo ridículo espectáculo das fachadas das suas habitações.

João Seco Magalhães, Grupo Independente Servir Maximinos, Sé e Cividade