Subir e ficar na aldeia da Senhora da Serra, em Bragança

O acto de subir à Senhora da Serra é-nos apresentado por Ernesto Vaz através da sua visão histórica e pessoal buscando entender o significado e motivação deste peregrinação que atravessa séculos. Hoje publicamos a primeira parte deste artigo que deve ser guardado e partilhado com amigos interessados em conhecer a nossa cultura.

Os moradores da Vila de Rebordãos fugiram à peste negra de 1362, refugiando-se na serra da Nogueira

(…) Ora, se atendermos à magnificência da obra, se considerarmos a distância de duas ou três léguas em que se acha a pedra de cantaria que nela se consumiu (…) se calcularmos o número de carretos que desta pedra seriam necessários; se repararmos na elevação da serra, coberta de névoa a maior parte do ano (…) se ponderarmos a distância em que ficam os povos circunvizinhos, que de todos é íngreme a subida, sumamente custosa para as conduções e transportes de gente; se observarmos enfim o rigor do clima, as asperezas do sítio, a violência dos ventos, o ímpeto das chuvas e a frequência das neves (…) – não pode deixar de lembrar-nos que algum acontecimento extraordinário e sobrenatural tocou vivamente o coração daqueles antigos povos e os induziu a empreender e a executar, contra tantos obstáculos reunidos, uma obra desta natureza. (Sepúlveda, Francisco Xavier Gomes de — Abade de Rebordãos, 1761-1851, sobre a construção da Capela da Senhora da Serra, citado por Campos, 1983, 23).

  1. Introdução.

No Verão de 1960, arrumado o primeiro ano do Liceu, a minha mãe, franzindo carinhosamente a face, anunciou-me a feliz novidade, que andava há uns tempos para me dar…Olha, no fim de Agosto, vais com a tua madrinha de novenas para a Serra. É o prémio do teu trabalho no Liceu… São as tuas férias… Já sabes, se estudares, lá estarás todos os anos…

Como naufraguei no início do segundo ciclo, fiquei preso ao pelourinho da labuta agrícola do fim do Verão, a pingar suor, lembrando-me, compungido, dos desafios de futebol, em frente de Santa Teresinha, que disputávamos com os Padres Capuchinhos – os pregadores anuais da novena. Não tendo voltado o R vermelho às pautas de Junho, regressava anualmente ao cimo da montanha, onde completei, na companhia da minha madrinha, mais de um lustro de novenas.

E, embora desde os meus tempos do Liceu não tenha voltado a morar na aldeia da Novena da Senhora da Serra, entre 30 de Agosto e 8 de Setembro, não dispensava vestir anualmente o meu hábito de romeiro, induzido pelas cordas emotivas da juventude, que, do Porto, onde residia, me empurravam, em fins de Agosto, à subida do espinhaço da Serra da Nogueira.

Regressado a Penates, ou seja, à Casa dos Pais, como diziam os romanos, voltei, 57 anos depois, em 2017, de novenas à Senhora da Serra, agora acompanhado da Amélia e dos netos. Uma tarde, ouvi o Bispo de Bragança dar as boas vindas a um numeroso grupo de peregrinos, que, tendo partido ainda de noite das suas terras, tinha acabado de escalar o cimo da montanha, a pé, cumprindo as suas promessas. Na parenética, enfatizando o carácter único das novenas da Senhora da Serra, sublinhava que, nas conversas com os outros bispos, todos ficam admirados quando lhes conta que na sua diocese há um santuário mariano, no cume da Serra da Nogueira, que, ao longo dez dias, se transforma numa aldeia permanente, com uma população de cerca de mil pessoas, fazendo a sua vida normal, comendo, rezando, convivendo e dormindo, a mais de mil e trezentos metros de altitude.

Para além dos que estanciavam na aldeia da Senhora da Serra, uma avalanche de romeiros subia, há sessenta anos, a pé, todos os dias, ao ápice da cordilheira para assistir à novena. Hoje, o automóvel permite não descer sem jantar na caput da serra. Ao lusco-fusco, uma multidão, de pituitária afinada, farejando os odores das quatro tabernas do Santuário, prepara-se para enfrentar um naco de vitela, de altura serrana, tenrinha, ruborizada pelas brasas de carvalho, que vem para a mesa a esvair-se em molho natural, sem a faca bulir…

Um reduzido grupo de novenistas – os residentes dos quartéis — com os pulmões limpos e infusos do ar puro da serra, aferrava-se, então, a um otium cum dignitate, reflexivo e intelectualmente produtivo, seguindo o mote do célebre orador romano.

Voltemos às novenas de 2017. Uma noite, ao entrar no quartel, encontrei-me, por acaso, com o pregador, o Dr. Paulo Figueiró, que, nas escadas do edifício, sorvia, deliciado, o bafo da aragem, que soprava fresca, na companhia de uma lua cheia tão intensa que parecia pousada sobre a touca da montanha, acentuando os contornos e volumes da aldeia da Senhora, coroada pela Capela. Numa conversa longa, debatemos também a singularidade desta liturgia mariana, que, sendo única no contexto nacional, é exclusiva das novenas da Serra: ou seja, que acontecimento extraordinário — como se interrogou o Abade de Sepúlveda há dois séculos — teria tocado o coração do povo antigo da Vila de Rebordãos e de outras aldeias dos três concelhos da corda da serra, induzindo-o numa devoção a Nossa Senhora tão profunda que, há séculos, nos fins do estio, vem deixando a labuta agrícola das suas casas, a léguas de distância, para ficar dez dias junto da Virgem Maria, no cimo de uma montanha?

In illo tempore — nos anos sessenta do século passado — então já curioso de puxar o fio das origens da aldeia da Senhora da Serra, não dispunha da escada epistemológica para subir ao ápice da sua etiologia. Mas, agora, quase seis décadas depois, a história e a arqueologia tinham de me fornecer esse instrumento metodológico para lá chegar.

Quando me despedi do Sr. Reitor do Seminário da Guarda, uma vontade, lenta e persistente, estava a tomar conta de mim, afoitando-me assim, Ouve lá, tens de encontrar uma explicação histórica para este comportamento humano extraordinário, que se iniciou há centenas de anos… Tal é o influxo deste texto, muito análogo ao de Galileu, quando, em 1588, na catedral de Pisa, assistindo à missa, induziu, da oscilação do candelabro suspenso da abóboda, o seu célebre estudo do isocronismo pendular.

A honestidade científica obriga-nos, antes de avançarmos, a referir o que já se sabe sobre este tema e quem produziu tal conhecimento. Deve assim ficar claro que não nos limitámos a apertar um feixe de informação alheia, apresentado como nosso. Por outro lado, os leitores terão de ser capazes de concluir se conseguimos, partindo do que outros investigadores já escreveram antes, levar mais longe o conhecimento sobre este ponto. É esta a função da investigação. Pouco interesse científico ficará deste texto se não acrescentarmos novos dados sobre a origem da aldeia da Novena da Senhora da Serra.

  1. O que já se escreveu sobre a Senhora da Serra.

Lugar Sagrado muito antigo, já vários autores se foram referindo, na cadeia do tempo, à Senhora da Serra. O primeiro foi o Dr. João de Barros, escrivão da câmara de D. João III, que visitou o Santuário, há quase cinco séculos, deixando expressas as suas impressões de viagem no livro Geografia de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, datado de 1549. Escreveu ele que (…) a duas léguas (de Bragança) está a Hermida de Nossa Senhora da Serra que há pouco se fundou de esmollas e ofertas e se fez uma casa tamanha como um mosteiro, grande de três naves, aonde acorre grande número de gente (…) (Barros, 1919, 121, e sublinhados nossos).

Tomemos nota desta referência à monumentalidade da Capela da Senhora da Serra, porque foi a dimensão deste templo, tão precoce, saído ainda dos cânones medievais, que constituiu a ponta do fio deste nosso estudo. Foi premindo este interruptor que se acenderam todas as outras luzes, permitindo-nos avistar o acontecimento extraordinário, sucedido no séc. XIV na antiga vila de Rebordãos. Mas já lá vamos, porque, antes, ainda queremos citar mais alguns investigadores, que escreveram antes de nós sobre a Senhora da Serra.

A segunda referência a este templo transmontano, século e meio depois da do Dr. João de Barros, foi a do frade Agostinho de Santa Maria, no seu Santuário Mariano, uma espécie de enciclopédia de todas as Capelas de Nossa Senhora, existentes em Portugal, nos finais do séc. XVII. Exclusivamente baseado na tradição, recua até aos godos, ou seja, aos sécs. V-VIII, antes dos mouros e da formação do Reino de Portugal, quando teria sido erguida a primeira capela, após o aparecimento da Senhora a uma pastorinha. Informa-nos também que, então, já se fazia a novena, antes da festa a 8 de Setembro, com grande concurso de gente. A feira, no mesmo dia, ampliava a multidão no cimo da Serra da Nogueira.

Sobre a espacialidade da Capela, acentuava que era uma ermida muito grande, com três naves, dividida com dez colunas de pedra, cinco de cada parte. A imagem da Senhora, com o Menino Jesus nos braços, era de roca e de vestidos, tendo de estatura cinco palmos. (Santa Maria citado por Campos, 19,20,1983 e sublinhados nossos). Adiante demonstramos que este frade se enganou nas dimensões do templo da Senhora da Serra, medindo-as por baixo. Ou ele ou quem o informou, porque o autor, ao contrário de João de Barros, nunca visitou o Santuário.

Quase em simultâneo com o Santuário Mariano, que acabámos parcialmente de citar, foi editada, em 1706, a Corografia Portuguesa, do Padre Carvalho da Costa. Escrevendo sobre Rebordãos, este autor informa-nos que esta vila tinha (…) mais huma Ermida de N. Senhora da Serra, Imagem muy devota, e de muitos milagres (Costa, 1706, 446).

Em 1758, paroquiava a Vila de Rebordãos o Abade Caetano Pinto de Morais. Na memória, enviada ao Governo do Marquês de Pombal, redigida no dia 6 de Maio daquele ano, escreveu que (…) no alto da serra havia hum templo dedicado a Nossa Senhora das Neves, de fundação tão antiga, que hoje se ignora. Está formado em três naves (…). No altar mor está exposta hua imagem da mesma Senhora e no colateral da parte do Evangelho outra imagem antiquíssima da Senhora e no da parte da Epístola a de Santo António. Contiguo a esta igreja há um hospício distribuído em 6 quarteis, de que hoje só são habitaveis dous. (Capela et alii, 2007, 317 e sublinhados nossos).

Mas o mais célebre Abade de Rebordãos foi Francisco Xavier Gomes de Sepúlveda, cuja firmeza e auctoritas afinavam pelo timbre do irmão — o famoso general que lançou o movimento da expulsão dos franceses de Trás-os-Montes. Tomou posse da Abadia em 11 de Fevereiro de 1790 e faleceu, com noventa anos, no passal da villa de Rebordãos, na madrugada de 28 de Setembro de 1851, ao leme da sua actividade sacerdotal, que já levava sessenta e seis anos (Alves, 2000, 516). Polemista temido, a sua pena zurzia, a bordoadas de sarcasmo, os fariseus do séc. XIX, utilizando uma linguagem opulenta e verrinosa que desarmava logo o adversário mais petulante.

Foi indelével a marca que deixou no Santuário da Senhora da Serra. Assim, ao verificar (…) que se tinham introduzido abusos graves pela reunião dos dois sexos, de dia e de noite, no sagrado templo, pensou logo em acabar com tal profanação, propondo ao Bispo da Diocese que imediatamente proibisse tal Novena e Romaria (…) (Sepúlveda citado por Campos, 1983, 41, 42 e sublinhados nossos). Mas o bom senso alterou-lhe os propósitos: depressa concluiu que os romeiros só dormiam na capela porque não tinham onde se recolher nas noites frias da serra, envolvida de névoa pingante. Decidido, logo tomou em mãos não só restaurar os quatro quartéis que, já em 1758, estavam inabitáveis como também ordenou o levantamento de outros, de raiz, encostando-os aos muros do adro, cuja topografia, mais elevada, dispensava alvenarias muito dispendiosas.

Deixou-nos também uma análise arquitectónica muito fina da Capela, que, mais à frente, nos ajudará a compreendê-la e daí retirar a consequente leitura histórica sobre a origem da aldeia da Novena da Senhora da Serra. Enxergando longe, concluiu que o clarão do culto da Virgem, no ponto mais alto da montanha, tinha o seu foco muito antes de 1567, ano em que visitou o Santuário o Bispo de Miranda, D. António Pinheiro. Sobre a visita deste antístite, diz-nos (…) que ela devia ter sido muito posterior em anos, e mesmo em séculos, à fundação do templo e culto de Nossa Senhora da Serra. (Sepúlveda citado por Campos, 1983, 37 e sublinhados nossos). Não se enganou o mais famoso Abade de Rebordãos.

Nos finais do séc. XIX, o coronel e arqueólogo Albino Pereira Lopo fez uma excursão de estudo ao Santuário da Senhora da Serra, descrevendo-nos a capela como um edifício (…) tão antigo que já o atribuem aos godos quando se estabeleceram em Rebordãos. É um templo vasto de 27 metros de comprimento e tem três naves separadas por dez colunas de pedra que lhe dão certo aspecto de grandeza e majestade interiormente (…) arquitectura que tem sido interpretada como (…) prova de antiguidade deste santuário (…) tendo já sido reparado pelo Conde D. Henrique (…). Refere também (…) ter havido neste local um povoado, que tinha um castelo que ficava junto da ermida que se demoliu para fazer a casa do ermitão (Lopo, 1987, 45 e sublinhados nossos).

Retenhamos deste investigador a repetição do mesmo lapso de Agostinho de Santa Maria, nos finais do séc. XVII: ambos se enganaram no número de suportes da capela, atribuindo-lhe dez e não os que efectivamente tinha e tem: doze – seis colunas e seis pilares. Mas, pela primeira vez, o eco da tradição refere a existência de um povoado mesmo na coroa da serra, associado a um castelo.

O coronel Pereira Lopo, porta-voz da memória oral, localiza o castelo na envolvente da Ermida da Senhora da Serra. Sendo assim, esta fortaleza não pode ser a mesma constante do nº 8 deste texto, incluída em vasta bibliografia conhecida e referida pela primeira vez no foral de 1208, concedido por D. Sancho I à vila de Rebordãos, porque se localiza muito longe da touca da serra, num esporão em agulha, que reutilizou um povoado da Idade do Ferro. Ou seja, a fortaleza, que a tradição terá captado, foi demolida “para fazer a casa do ermitão”. Neste caso, será muito difícil à arqueologia rastrear marcas da sua estrutura, tendo em conta que os antigos hospícios, referidos em 1758 pelo Abade Caetano Pinto de Morais e os que foram erguidos pelo Abade Sepúlveda, na primeira metade do séc. XIX, foram substituídos por grandes pavilhões aquartelados durante a segunda metade da centúria passada. E nada sobrou das primitivas albergarias, resistindo apenas, nos cantos do fundo do adro, a Nascente e a Poente, duas estruturas pétreas, muito esfaceladas.

Mas a arqueologia continuará atenta à informação oral, registada por Lopo, radiografando eventuais indícios da existência de um castelo, sacrificado para levantar a casa do ermitão. Sublinha-se que a documentação conhecida é completamente muda sobre este ponto. E, tendo existido uma fortificação na vizinhança da ermida, dificilmente não teria sido captada pelo Dr. João de Barros, que visitou a Senhora da Serra pouco depois da conclusão da capela – a casa grande de três naves — entre 1545 e 1549, como referimos atrás. A arquitectura e as funções de uma e da outra construção – do castelo e do templo religioso – eram assaz contrastantes para terem passado ao lado das retinas perspicazes do geógrafo do Porto.

O Abade de Baçal também não podia esquecer-se do Santuário da Senhora da Serra. Mas diz-nos pouco, porque tão vincada tradição cultual, em tal altitude e tão distante dos povoados, remonta a tempos pré-cristãos, quando foram insculpidas as gravuras rupestres da fraga junto da Fonte da Senhora (…) (Alves, 2000, X, 10).

Outro investigador, que procurou, tal como o Abade Sepúlveda há dois séculos, fazer um estudo de fôlego, sobre a fundação do Santuário e Novena de Nossa Senhora da Serra, foi o Sr. Cónego Campos. E, embora no seu livro, editado em 1983, tenha manifestado a sua (…) pena de não ter encontrado documentos suficientemente capazes de nos levarem com certeza às origens da primitiva ermida de Nossa Senhora da Serra (Campos, 1983, 35), o seu trabalho de pesquisa, pelos dados que facultou a investigadores posteriores, tem enorme interesse científico. A sua transcrição do livro do Abade Sepúlveda, muito minucioso na leitura da arquitectura da Capela nos finais de setecentos, a lista dos párocos de Rebordãos nos sécs. XIV e XV, extraída de uma certidão autêntica do Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Lisboa, e a identificação das quatro imagens da Senhora da Serra, veneradas sucessivamente no Santuário, entre outros pontos, fazem deste trabalho, paciente e meticuloso, um instrumento de estudo extremamente útil para trazer à luz do dia a história do Santuário da Senhora da Serra, soterrada por sedimentos seculares de memórias, muito alteradas pela sucessão de gerações ao longo de sete centúrias.

Por último, aludiremos à Dissertação de Doutoramento em História de Arte, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto pelo mestre Luís Alexandre Rodrigues, edição de 2001. Referindo-se ao Santuário de Nossa Senhora da Serra, ali se escreve que (…) independentemente do seu valor arquitectónico, a sua importância decorre da persistência que esta devoção foi capaz de suscitar desde o séc. XVI (Rodrigues, 2001, 619). E (…) é possível que as variações tipológicas dos elementos de suporte (colunas e pilares) correspondam a outros tantos momentos em que a crescente pressão da piedade popular impôs o acrescentamento da igreja. (ibidem, 621 e 623).

Este historiador informa-nos também que a Confraria de Nossa Senhora da Serra manteve uma forte actividade creditícia, emprestando dinheiro a alguns confrades, mais necessitados, durante a primeira metade do séc. XVIII. E três mulheres – as ermitoas por viverem nas casas do Padre Ermitão do Santuário – fizeram os respectivos testamentos, manifestando a sua vontade de, falecendo aí, serem inumadas na Igreja da Senhora da Serra. Uma delas decide mesmo legar os seus bens à Virgem, avisando os senhores abades contra quaisquer veleidades futuras, menos limpas, na sua administração…

(Continua amanhã com A Capela da Senhora da Serra: o maior templo do Nordeste Transmontano, na primeira metade do séc. XVI.)

Ernesto Vaz, historiador e antropólogo, residente em Samil, concelho de Bragança


VEJA AQUI A PEREGRINAÇÃO DE 2023 SENHORA DA SERRA